10 fevereiro 2007

Pedaços

Domingo e mais uma noite mal dormida, mais uma vez o pensamento martela, arrasta-se da cama, abre a janela, sente os primeiros raios de sol a invadirem a alma, esboça um sorriso.
“Hoje tenho de ler o texto e preparar o mini relatório, tenho de arrumar a casa, tenho de ir comprar fruta, tenho de mudar a cama, tenho de, tenho de, tenho de..” pára de pensar no que tem de fazer.
Olha para trás, remexe no pensamento das noites mal dormidas, o corpo cansado, a vida vazia.
Uma espera, a eterna espera, não vem, não chega, não tem privilégio, não tem o lugar dela, o telemóvel não toca, não há mensagens, só o vazio.
O coração mingua quando se lembra e as lágrimas correm olha para o redor e volta-se a aninhar nos lençóis, “de nada ajuda, mas não me apetece fazer nada” e o pensamento leva às conversas, tantas conversas, às mensagens trocadas, aos sentimentos estilhaçados.
O sonho recente desfeito, o sentimento em pedaços, o vazio que sente “não era supostos sentir-me vazia, só, mas estou bahhhh” bebe água, fuma um cigarro, comida não entra e bebe mais água, volta-se para os raios de sol, esboça um sorriso, coloca a cabeça na almofada fecha os olhos e vislumbra um sonho.